Postagens

Mostrando postagens de 2011

Amigos secretos (e outros nem tanto assim)

Dia de teatro no convés da embarcação: Romeu e Julieta na voz de meninos e meninas que estão partindo para outros paragens e, quem sabe, levarão a lembrança de um momento como o de hoje, em que deram de si um pouco para todos nós. O que aprendemos com isso? Será que precisamos necessariamente aprender algo? Fico com dúvidas. Hoje quis ser mais gentil, mais humana. A arte vem para isso, humanizar. Acredito que muita leveza foi possível durante a apresentação: rimos, choramos, bebemos suco de uva, carregamos peso, ajeitamos cenários, nos irritamos com os outros e conosco porque tudo poderia ter sido melhor... mas esse é nosso melhor, o que pudemos fazer nesse instante. Ano que vem, será o mesmo sofrimento e a mesma delícia a que nos acostumamos. Vivendo e aprendendo a jogar...

Tempo de colher os frutos (ou recolher a rede)

O fim de ano se aproxima e o trabalho continua. Fizemos a avaliação do trabalho com os cadernos literários (os nossos e os dos alunos) e, sinceramente, as desculpas para não embarcar em certas viagens me desagradaram. O que mais preciso fazer para convencer os outros que certos mares precisam ser desbravados, por mais infernal que sejam as marés? Embora capitã não sei se o autoritarismo me cabe: rezo todos os dias para permanecer com a doçura do horizonte nos olhos. Estratégias de guerra devem ser pensadas, alguns tripulantes estão comigo, mas temo que Long Silver também esteja...

A garrafa retornou!

Roseana nos ouviu! 1. Adoro escrever para crianças, é lúdico, eu brinco um pouco. Mas realmente escrevo com tudo o que tenho, não faço nenhuma concessão. Não penso na faixa etária. 2. Antes de começar um livro já tenho um tema e então vou desdobrando o tema. 3. Sim, eu era fascinada com os circos e até hoje sou. Há todo um clima de sonho. 4. Meus poemas são livres, mas são muito musicais. uso as rimas com cuidado e sou uma poeta de imagens.Não sei dizer quais são meus poemas preferidos. 5. Às vezes o título sai de algum poema, às vezes começo um livro pelo título. 6. Não, Mirian, deixo o ilustrador completamente livre. 7. Faço poesia como respiro, para mim é natural e posso trabalhar em dois livros bem diferentes ao mesmo tempo, como estou fazendo agora. Um para criança e outro para adultos. 8. Tom é meu ex cunhado, meu amigo, e construiu um veleiro enorme no jardim da sua casa , isso me impactou muito. Ele construiu seu barco sozinho. 9. Escreví os poemas para meu filho André, especia

Garrafa ao mar...

Roseana Murray é mulher da praia: mora na boca do mar e tem pra si todo o peso da ressaca a envolver-lhe a cabeça...Seus livros, por hoje, ocuparam as mesas da sala de leitura, quando o grupo pode folhear, ler, cheirar e pensar: quem é essa mulher, o que move sua escrita, o que esses poemas me dizem? As quinze perguntas, simples ou existenciais, foram lançadas ao mar. Agora, é sentar e esperar que cheguem à sua destinatária e que ela possa lançar um olhar para os naúfragos deste lado das águas...

Roseana Murray

1. Você escreve para o público infantil e adulto. Gostei dos livros que folheei agora (infantis). É melhor escrever para esse tipo de público ou, melhor, você prefere escrever literatura infantil? (Teresinha - Língua Portuguesa) 2. Quando concentra-se para escrever, já vai com a intenção de produzir para determinado público? (João - Educação Física) 3. Roseana, porque resolveu escrever sobre “o circo”? Está relacionado à sua infância? (Áurea - Fundamental I) 4. Que tipo de poesia você tem mais satisfação em fazer? Qual a sua preferida (ou quais)? (Beth - Ciências) 5. Com que critério você escolhe os títulos de seus livros? (Maria Suely - Artes) 6. Você conversa com o(a) ilustrador(a) sobre o que vai ser desenhado para acompanhar seus poemas? (Mirian - História) 7. O que é mais fácil: escrever para adultos ou crianças? (Ana Cristina - Informática) 8. Quem é o Tom Murray, a quem você dedica o livro “Mar de sonhos”? Por que ele é sozinho? (Jaqueline - Fundamental I) 9. Roseana, quando voc

Marolinha

Querer ou não o mesmo sofrimento vivido outrora? A expectativa por alguns retornos (desejados ou não), em um primeiro momento, foram marolas para quem considera pesadamente os fatos da vida. Que diferença faz quando algo maior se desenha no horizonte? Os primeiros pais atenderam ao convite e vieram para ouvir histórias com seus filhos na escola. Isso sim provocou grande comoção em mim. Certos retornos só servem para reafirmar nossas convicções de que os caminhos precisam ser seguidos mesmo que restem espumas para dar conta de nós...

Promessa de dias felizes?

Felicidade é coisa fugidia: clichê à vista! Mas tenho promessas de dias felizes. Minha companheira Teresinha convidou seus alunos para que participem da roda de conversa dos pequenos cadernos de leituras literárias que eles começaram a produzir neste semestre. E a leitura será conosco, em nossa formação semanal! Prevejo um momento chuvoso: chuva vinda de mim por saber que esse presente, a possibilidade de escuta de suas palavras, embora seja acariciante para os meninos, precisa ser acariciante para nossas almas descrentes de velhos piratas...

Chuvisco

Chuvisco o dia todo. Chuvisca aqui dentro também. Por outro lado, algumas conversas reconfortaram. Almoço pede companhia para dividir alimento e dividir angústias. Mas ainda persiste a dúvida: com dureza ou com afeto? Qual o modo de velejar nesse mar?

Sobre "O bordado encantado"

"Usar as mãos para criar talvez seja das coisas mais fascinantes que uma pessoa possa realizar. Minha mãe me criou no tricô e cedo aprendi a fazer pequenas roupas para minhas bonecas. A Marina me mostrou a moça tecelã, que tecia e destecia no tear do seu destino. E o Edmir me trouxe, de longe, do Tibet, uma história sobre uma senhora que, com sangue e lágrimas, borda a paisagem mais bonita encantadora que poderia existir. Senhora pobre que borda para sustentar a si e aos três filhos. Mulher que se encanta com um bordado diferente, visto na feira do povoado, e faz pra si algo sublime, como aquele bordado visto. O bordado é levado pelo vento e a dor do trabalho perdido faz a velha adoecer e fenecer. Os filhos, com medo da mãe morrer e não mais sustentá-los, resolvem partir em busca do tecido e nunca voltam. Dois, porque o terceiro, mais jovem e amoroso com a mãe, parte em busca do pano e dos irmãos perdidos. O caminho, para todos os que tentam mostrar seu valor, é tortuoso, com prov

Barquinho a deslizar....

Essa semana será curta e tormentosa. Assim prometem os astros. Devo me guiar por eles, porque a quem mais? A semana passada me trouxe boas supresas para serem registradas. Meus companheiros de leituras literárias trouxeram pequenos tesouros para partilhar com o grupo. Escritas que traziam um pouco da vida vivida dialogando com os textos lidos. Duas escritas, especialmente, me trouxeram brilho aos olhos: a da chuva, meio crônica-literatura, meio cotidiano-crônica; e a da bolsa amarela, pedaços de inconformismo e sensibilidade de uma professora que me surpreende a cada dia. Bem, poderia ter chorado como desejei, mas capitã não deve. Firmeza, marujos! Ainda temos o Bojador (e muita dor) a ultrapassar!

Dia de sol

Precisei de poesia e li Bagagem, da Adélia, de uma vez só. Certo, precisava também ensaiar minha escrita como tinha proposto ao grupo: eles poderiam escolher quem andaria na prancha para ler e produzir um diário de leituras literárias. No princípio, cinco deles. Acatei a sugestão de um sexto caderno, que fosse volante. As leituras de hoje me aqueceram: como a gente pode fazer disso uma prática social em que a linguagem é viva, em que ela pode circular e ser lida ora com doçura, ora com dureza. Retomo ao fim os objetivos e questiono se esta é a melhor rota para seguirmos. Pouco se fala, os mesmos de sempre. Preciso ir mais fundo, que esses textos possam...

Tormentas

Um mês de viagem e ar rarefeito de literatura. Depois de dois anos e alguns meses de formação com o grupo, descubro que eu não os apaixonara. Sim, não consegui seduzir as almas mais duras com minha doce voz de sereia. Pouco adiantou ter insistido em uma série de leituras feitas no começo de todos os encontros; não adiantou perturbá-los com livros coloridos; não consegui trazer Ulisses para mim. O susto veio quando um deles me disse não ver sentido em ler textos literários para seu aluno, ainda mais sendo professor de outra área. Acredito na literatura e como o Rubens, companheiro de conversas sobre a vida, acredito na poesia. Mas uma vez não basta: outro alguém me diz que não dividiria o tempo da prova com os cinco minutos iniciais de leitura, existiam coisas mais importantes. Sim, tempos de tormenta em que descubro que o óbvio para mim não é tão simples para os outros...

Dos propósitos...

Da ideia à matéria: por que escrever um blog sobre os percursos viajeiros de formação em educação? Não sei. Talvez a atração pelas profundezas do trabalho na escola me tenham dado coragem para empreender viagem. Nada de papiros ou cadernos com bichinhos fofos desenhados: minha ferramenta é computador. Este blog é meu diário de viagem. O que encontrarei no horizonte?