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Sherazades

SHERAZADES   Caroline Cassiana Silva dos Santos   Peço licença a você, leitor, para contar minha história. Devo contá-la para justificar minhas escolhas, explicar meus desencontros ou, quem sabe, seguir enganando a morte, fazendo perenar um pouco do que os quase trinta anos de vida deixaram marcados no rosto e no peito. Sim, como Sherazade gostaria de encantá-lo com histórias que nunca acabam, mas acredito em minha pouca maestria e imagino o quanto isso poderá enfadá-lo. Bem, pescoço a prêmio, sigo a contar, começando pela minha origem, pela primeira das muitas histórias que me habitaram e que me deram coragem para que eu contasse, agora, a minha. Sherazade conta que nasci num domingo quente e poeirento de outubro. Vive a me lembrar que passou o dia inteiro com dores nos quartos, ansiosa por ter nos braços seu primeiro filho, e que ao me ver, roxinha por ter passado da hora de nascer, chorou sua primeira longa história. Sua sina estava dada: tecer ao redor da cria um

Doce regresso

Uma da tarde e um frio de se esconder. Li uma crônica do Ulisses Tavares, pensei nos meus dilemas, sorri amarelo ao lembrar que dormi abraçada com a boneca que plasmei (a expressão fica por conta de uma colega da escola) ao longo do último final de semana (de quê adianta os trinta e poucos anos nas costas?) e termino a manhã pensando: o que ainda temos pela frente? Pensei na possibilidade de mudanças e tento influenciar as pessoas com isso: e se fizéssemos assim?, e se pensássemos de outro jeito?, e se pudéssemos contar com outras pessoas para realizar esse projeto? e se...? Poucas coisas tem me tocado fundamente e isso aniquila os sentidos. Entretanto, sou surpreendida pelo manual, pelas coisas que faço completamente e com minhas mãos. Construir uma boneca do começo ao fim é realmente plasmar vida a algo que vem de dentro. Por isso tenho retornado a essa ideia fundamental do fazer, de envolver-se com o corpo e com a alma em projetos dentro da escola. Usar o corpo para dar vida à alma

Amigos secretos (e outros nem tanto assim)

Dia de teatro no convés da embarcação: Romeu e Julieta na voz de meninos e meninas que estão partindo para outros paragens e, quem sabe, levarão a lembrança de um momento como o de hoje, em que deram de si um pouco para todos nós. O que aprendemos com isso? Será que precisamos necessariamente aprender algo? Fico com dúvidas. Hoje quis ser mais gentil, mais humana. A arte vem para isso, humanizar. Acredito que muita leveza foi possível durante a apresentação: rimos, choramos, bebemos suco de uva, carregamos peso, ajeitamos cenários, nos irritamos com os outros e conosco porque tudo poderia ter sido melhor... mas esse é nosso melhor, o que pudemos fazer nesse instante. Ano que vem, será o mesmo sofrimento e a mesma delícia a que nos acostumamos. Vivendo e aprendendo a jogar...

Tempo de colher os frutos (ou recolher a rede)

O fim de ano se aproxima e o trabalho continua. Fizemos a avaliação do trabalho com os cadernos literários (os nossos e os dos alunos) e, sinceramente, as desculpas para não embarcar em certas viagens me desagradaram. O que mais preciso fazer para convencer os outros que certos mares precisam ser desbravados, por mais infernal que sejam as marés? Embora capitã não sei se o autoritarismo me cabe: rezo todos os dias para permanecer com a doçura do horizonte nos olhos. Estratégias de guerra devem ser pensadas, alguns tripulantes estão comigo, mas temo que Long Silver também esteja...

A garrafa retornou!

Roseana nos ouviu! 1. Adoro escrever para crianças, é lúdico, eu brinco um pouco. Mas realmente escrevo com tudo o que tenho, não faço nenhuma concessão. Não penso na faixa etária. 2. Antes de começar um livro já tenho um tema e então vou desdobrando o tema. 3. Sim, eu era fascinada com os circos e até hoje sou. Há todo um clima de sonho. 4. Meus poemas são livres, mas são muito musicais. uso as rimas com cuidado e sou uma poeta de imagens.Não sei dizer quais são meus poemas preferidos. 5. Às vezes o título sai de algum poema, às vezes começo um livro pelo título. 6. Não, Mirian, deixo o ilustrador completamente livre. 7. Faço poesia como respiro, para mim é natural e posso trabalhar em dois livros bem diferentes ao mesmo tempo, como estou fazendo agora. Um para criança e outro para adultos. 8. Tom é meu ex cunhado, meu amigo, e construiu um veleiro enorme no jardim da sua casa , isso me impactou muito. Ele construiu seu barco sozinho. 9. Escreví os poemas para meu filho André, especia

Garrafa ao mar...

Roseana Murray é mulher da praia: mora na boca do mar e tem pra si todo o peso da ressaca a envolver-lhe a cabeça...Seus livros, por hoje, ocuparam as mesas da sala de leitura, quando o grupo pode folhear, ler, cheirar e pensar: quem é essa mulher, o que move sua escrita, o que esses poemas me dizem? As quinze perguntas, simples ou existenciais, foram lançadas ao mar. Agora, é sentar e esperar que cheguem à sua destinatária e que ela possa lançar um olhar para os naúfragos deste lado das águas...

Roseana Murray

1. Você escreve para o público infantil e adulto. Gostei dos livros que folheei agora (infantis). É melhor escrever para esse tipo de público ou, melhor, você prefere escrever literatura infantil? (Teresinha - Língua Portuguesa) 2. Quando concentra-se para escrever, já vai com a intenção de produzir para determinado público? (João - Educação Física) 3. Roseana, porque resolveu escrever sobre “o circo”? Está relacionado à sua infância? (Áurea - Fundamental I) 4. Que tipo de poesia você tem mais satisfação em fazer? Qual a sua preferida (ou quais)? (Beth - Ciências) 5. Com que critério você escolhe os títulos de seus livros? (Maria Suely - Artes) 6. Você conversa com o(a) ilustrador(a) sobre o que vai ser desenhado para acompanhar seus poemas? (Mirian - História) 7. O que é mais fácil: escrever para adultos ou crianças? (Ana Cristina - Informática) 8. Quem é o Tom Murray, a quem você dedica o livro “Mar de sonhos”? Por que ele é sozinho? (Jaqueline - Fundamental I) 9. Roseana, quando voc